sexta-feira, 8 de julho de 2011

É a vida menino

De Walmir Lacerda - wglacerda.blogspot.com/

Pequena criatura que agora dorme em meu colo
Tranquila, como se sonhasse com unicórnios
Saiba que você ainda não te conhece
Nem eu e talvez nem Deus


Tenha amor aos seus pais
Mas não te esqueças de que cada ser desse mundo 
é também da sua família
Mesmo eles não sendo quem você quer que eles sejam


Seus traumas de infância são teus tesouros
Eles vão te diferenciar, te projetar em um planeta
Tua plateia serão as estrelas
Cada constelação te fará mais belo e justo


No turbilhão de perfis que irá conhecer quando adolescente
Você encontrará o seu, nenhuma escolha
É você de binóculo para o futuro
Não te esqueças, acredite no que ele te mostra


Projeções para mais longe seriam um erro
Depois que tu te conheces você é livre
Ninguém conhece teu destino
É a liberdade te soltando em um labirinto


Para que não se perca lhe digo para olhar o Sol
E também a Lua e todos os outros planetas
Eles são o cosmo, a única coisa que você deve acreditar
Deus ou cosmo, é só a natureza


E para não falar de morte agora te falo sobre o amor
Ame, se apaixone, por qualquer um, por qualquer uma
Meu querido do seu coração sai sua arte, que alimenta a terra
E continua o ciclo


Olhe ali o primeiro lírio nascendo
Continue dormindo, não lhe digo mais nada
Quando acordar me dê um beijo 
Um sorriso e vá brincar

Delírio

De Walmir Lacerda - wglacerda.blogspot.com/

Sentar e não conseguir extrair,
Uma palavra, um verso sequer, 
Do que me atormenta, do que sou
Do que borbulha como lava na minha mente


Me pego chorando sobre o papel branco
Olhos abertos, procurando, em pranto
Querendo me libertar do silêncio
No qual preso estou, vazio


Peço que se possuir algum sentimento
Dê-me agora, você não vai usar, por um momento
Devolvo-te com palavras, das mais belas
Não sou egoísta, mas posso pular de uma janela


Apenas escrever sobre o belo não é o bastante
A emoção é necessária, é essencial
Dor ou amor, sou mortal, sou finito
Preciso dizer enquanto não me findo


Aqui está minha dor, é daí quem vem meu delírio
Neutro estou a vegetar
Minh'alma partiu, 
É esquecida, está muda, sou morto.

O Sistema Solar

De Walmir Lacerda - wglacerda.blogspot.com/

Nasci várias vezes, sou infinito
Então sou muitos, mas em três posso me explicar


Os poemas, os olhares, do que é feito um coração
Sai do artista, que acredita na arte
Faz do meu corpo templo sagrado da expressão
Amar-te, ama a arte, a mãe arte
Se perde, se ganha, se muda
é inconstante,
te ama, te odeia, te usa
Mas ele é o próprio usado
Que depois de tudo sofre
E produz mais e mais e te faz chorar


Minha solidariedade sai do homem
que olha pra sociedade e sabe que dela faz parte
Que é neutro e quer uma vida neutra
Cheia de normalidades
É o medroso que não se arrisca
Que é manipulado, que é um tabu


Do fim, meu egoísmo sai de um guerreiro
que mata e está disposto a morrer
Que vende seu corpo, que não tem fé
Deseja a vitória acima de qualquer amor
Ama a si próprio como Deus ama a criação
E come da carne de seus amigos
Apenas afirmando sua identidade cão


Nos três quero viver, os três são meus e sou eu
Os alinharei em um eclipse perfeito
Para que o poeta ilumine o homem
e ambos escondam o guerreiro


Outros sete nasceram
Agora sou um sistema solar,
Uma imensidão incompreendida sem nada a esconder
Que quer dessa vida, nada mais do que viver

terça-feira, 28 de junho de 2011

Rush - 2112

Por Cícero Leitão - Guitarrista (www.myspace.com/scionofhybrids)e graduando de música pela UFOP
O quão longe vai o sonho de dois amigos de escola? Para entender a história deste disco, precisa-se entender a história desta banda.
Um é filho de judeus sobreviventes da Segunda Guerra Mundial e outro filho de eslavos, que fugiam das guerras do leste europeu, todos acolhidos pela mãe Canadá. Tímidos, se afastavam do triste mundo real através da musica e lá formaram uma amizade/banda que carregariam para o resto de suas vidas, Rush!
Largaram a escola e para se dedicar à banda e não demorou muito para gravarem seu primeiro álbum, “Rush”. Conseguiram contrato nos EUA e ficaram conhecidos na época como o “Zeppelin canadense”. Mas no próximo álbum a banda já não se contentava com só aquilo e foi formando aos poucos sua personalidade própria que puxava muito mais para um lado progressivo e já não parecia com seus ídolos ingleses. Um fracasso, “Fly By Night” e o terceiro álbum “Caress of Steel” não emplacaram e isto irritou a gravadora que exigiu que o Rush voltasse a ser o que era antes, curto e direto!
As coisas já não iam bem e outro fracasso seria o fim do contrato e da banda, mas até mesmo nerds cansam de apanhar e serem reprimidos, e estes garotos resolveram afundar com o barco ao compor “2112”. O disco é um “não” a gravadora e a todos que não aceitavam o Rush como ele é. E por ironia do destino esse foi o primeiro grande sucesso da banda que só estava começando sua caminhada.
A faixa-título, “2112”, ocupa todo o lado A do disco e possui vinte minutos e meio de duração. Sim, esse foi o “não” mais bem dito na forma de uma musica.
Pior que isso, se baseando no livro “1984” de George Orwell, o lendário baterista Neil Peart escreveu um conto aqui cantado que se passava em uma futura ditadura, na qual tudo era controlado pelos sacerdotes, governantes que, se precisassem, convenceriam o povo de que dois mais dois é igual a cinco.

“We've taken care of everything
The words you hear, the songs you sing
The pictures that give pleasure to your eyes.
It's one for all and all for one
We work together, common sons
Never need to wonder how or why.”


Mas o eu lírico desta história encontra em um momento, atrás de uma cachoeira, um instrumento mágico de cordas. Algo ancião, abandonado pela humanidade e ignorado pelos sacerdotes, uma guitarra. Com um pouco de sensibilidade, percebe-se que esta guitarra simboliza, nesta parábola, o verdadeiro som do Rush. Ele, empolgado, leva para os sacerdotes aquela preciosa descoberta, sabendo que aquilo tocaria a humanidade e teria de ser compartilhado com todos.
“I can't wait to share this new wonder
The people will all see its light
Let them all make their own music
The Priests praise my name on this night.”


A música então passa a se dar em forma de diálogo. E para a surpresa do eu lírico, aquela maravilha não é bem recebida pelo comando, que rejeita e condena o instrumento. Eles não querem o bem para humanidade, eles querem o que for mais útil, simples e sob controle. Se não for assim, não se encaixa no plano de governo. Neste momento nosso aventureiro percebe tudo de errado no mundo e perde a esperança ao saber que toda a sua vida já está traçada por aqueles que pouco se importam com ele, que seus sonhos nunca serão realizados e que o livre arbítrio não passa de uma falsa ilusão da humanidade.

“Don't annoy us further! We have our work to do.
Just think about the average, what use have they for you?
Another toy will help destroy the elder race of man
Forget about your silly whim, It doesn't fit the Plan!”


Na volta para casa ele adormece e vê um mundo novo, apresentado a ele por um oráculo. Lá o homem enxerga a verdade e se levanta contra a opressão, o homem aprende, cresce e se fortalece para derrubar os templos sacerdotais e erguer um lar onde já não existia mais.

“I stand atop a spiral stair, an oracle confronts me there.
He leads me on light years away, through astral nights, galactic days.
I see the works of gifted hands that grace this strange and wondrous land.
I see the hand of man arise, with hungry mind and open eyes.”


Ao fim deste conto, o protagonista se isola naquela caverna atrás da cachoeira, aonde encontrou a guitarra, pois sabia que ali ele não estaria sob domínios sacerdotais. Mas de que adiantava? Seu sonho continuava vivo em sua mente e o mundo tão distante de alcançar aquele patamar... A vida já não fazia nenhum sentido para ele. Assim, ele deitou-se pela ultima vez para não acordar mais e seu sangue foi derramado.

“Just think of what my life might be
In a world like I have seen!
I don't think I can carry on
Carry on this cold and empty life”

The Gran Finale!

“Attention all Planets of the Solar Federation
Attention all Planets of the Solar Federation
We have assumed control.
We have assumed control.”


Como já dito antes, o mais belo “não”. Um grito contra a opressão das gravadoras, um grito por liberdade criativa e uma carta de suicídio da banda Rush. Quem imaginou o futuro (post-mortem?) reservado para este trio? Acabaram por se tornar a banda canadense de maior sucesso da história.
Lado B
O lado B começa com “A Passage To Bangkok”, uma volta ao mundo basicamente. Uma musica simples e sincera que destaca a beleza de vários lugares do mundo fora do eixo “America do Norte – Europa”

“We're on the train to Bangkok
Aboard the Thailand Express
We'll hit the stops along the way
We only stop for the best”


O disco segue-se com a misteriosa musica “The Twilight Zone”. Sussurros ao fundo, só escutados com fones de ouvido, criam um clima, por muitas vezes macabro e interessante. Como se te chamasse para um mundo distante e perigoso. Essa é provavelmente a mais bela musica do álbum.
“You have entered the Twilight Zone, beyond this world strange things are known
Use the key, unlock the door. See what your fate might have in store...
Come explore your dreams' creation. Enter this world of imagination...”
“Lessons” entra em contraste com a ultima, com uma sonoridade muito mais feliz e a princípio acústica. Possui uma linha de baixo mais desenvolvida e um refrão empolgante ao velho estilo Rock n’ Roll.
“Sweet memories, I never thought it would be like this
Reminding me, Just how close I came to missing”
Uma certeza eu tenho. “Tears” foi escrita em um dia frio e chuvoso. Uma musica muito triste e sombria. Não faz o tipo da banda, mas até as pessoas mais felizes têm seus dias mais depressivos, porque a vida não é tão bela o quanto alguns pregam e alguns dias irão chover.
“A lifetime of questions, tears on your cheek
I tasted the answers and my body was weak”
Para encerrar o álbum vem a musica “Something for Nothing”, a introdução pode enganar, mas esta é a musica mais pesada do lado B. Ela completa “Tears” perfeitamente, pois ela é uma musica de reabilitação após momentos conturbados. Mesmo sem saber a letra, isto é perceptível, porque a música por si só, conta uma historia, e é a variedade de emoções que este disco provoca que o torna tão rico musicalmente. Cada nota é uma palavra que os instrumentos te contam.

“You don't get something for nothing
You can't have freedom for free
You won't get wise
With the sleep still in your eyes
No matter what your dreams might be”

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Arbeit Macht Frei (ou um exercício de contorcionismo aplicado ao inútil)


Por Kaique Pimentel 
 
Dedicado aos que realmente estão à margem de tudo.

Subindo a avenida, dentro do circular lotado, de pé e com a cara amassada de sono, ele ia trabalhar, avaliando a sorte que era (ou não) trabalhar em uma repartiçãozinha pública besta com um contrato temporário...vender um terço do seu dia por um preço razoável durante um ano; o que no fim das contas se encaixava com o fato de que, pra ele, qualquer emprego se tornava um pé no saco sem tamanho.
Mal chegou no fim dessa  analise quando percebeu que, mais uma vez, tinha descido no ponto errado, ao mesmo tempo em que chegava à conclusão que o que tinha era a soma do melhor dos mundos dos seus pais: o salário mais ou menos, amparado  por uma lei oitomilequalquercoisa de não sei quando e que caía todo quinto dia útil  mês na conta do banco lembrava o emprego público tedioso da mãe. Já a rapidez com que o dia de trabalho passa  lembra o trabalho braçal,  brutalizante e semi-autodestrutivo do pai.
Mais um quarteirão e ele vira a esquina do drive-thru do Mccâncer, pensando também que “pelo menos com esse dinheiro deu pra sair de casa”.
(Não que a casa dos pais fosse de todo ruim, mas ele tinha que seguir o caminho obrigatório: sairdecasacontanobancoempreguinhobesta5vezesporsemana2,5filhoscasinhapróprianumbairrolánapoutaquepariufinanciadapelacaixaeconomicafederalcachorrovereumprogramaidiotanaTvnofinaldecadadia e etc.)
Os primeiros passos pra a vidinha besta de classe média baixa que sua família tinha traçado para ele estavam dados...agora era assinar o livro de ponto e tentar explicar porquê  estava atrasado 15 minutos pela enésima vez: pensar realmente é uma praga purulenta e podre!
Livro de ponto, caneta na mão, 8:00 no primeiro quadrado da pagina com seu nome, (uma mentira besta na folha:já são 8:20!) um rabisco à guisa de assinatura e era hora de começar a vender suas 8 horas diárias.
Chegando na sala, ele encontra as figuras de  todo dia: Wilson, um velho com cara de vilão de desenho animado: barba branca, nariz adunco, meio careca, barrigudo, a calça sempre caindo e que só abre a boca pra arremessar um palavrão ou outro impropério aleatório qualquer,  Zé Antônio (que desconfia-se estar 90% do tempo bêbado, visto que fala enrolado como um bêbado, solta frases nonsense como um bêbado, cambaleia e cochila como um bêbado...) Pedro, que está sempre mais calmo que deveria, repetindo alguma coisa engraçada com voz de desenho animado, e, last but not least, a turista da sala, que provavelmente não estaria lá naquele dia, que raramente ia trabalhar (mais precisamente: só umas 3 vezes por mês) que passa o dia todo ao telefone com sei lá quem falando um monte de abobrinha com aquela voz arrastada e empapada de Lexotan 600 mg e uma cara de “Jabba the hut”, fora seus dois colegas de infortúnio...
Uma pilha de envelopes e formulários de correio está esperando na mesa: cola selo, bate carimbo, copia o endereço do destinatário na carta, no formulário de seiláoque do correio, pesa, anota o peso na carta e na porra do formulário. Próxima carta. Ele Fica nessa “brincadeira” por mais ou menos meia hora. Joga um pouco de conversa fora; o jogo do Atlético, fulano jogou mal, fulano é um pouta jogador e blábláblá, vou ter tanto de desconto no fim do mês, não vou ter desconto nenhum… isso por mais alguns minutos, até o não-tão-esperado chamado: 50 caixas de nãoseidequal equipamento ultra caro, que se alguém deixar uma que seja cair, quebrar , machucar, sujar ou sumir, vai ter o salário descontado integralmente pelo resto do contrato e, quem sabe, até pagar pra trabalhar pro resto da vida aqui. Aí é tirar do depósito do térreo, levar pra outro depósito no primeiro andar, anotar um zilhão de numerosinhos idiotas de patrimônio e de série e depois colocar em algum canto até chegar a hora de mandar pr'algum canto qualquer que, definitivamente, não interessa a ele.
O depósito é como todos os depósitos de coisas do mundo devem ser - apesar de não ter a ínfima vontade e nem possibilidade de ver todos os depósitos do mundo, ele tem a certeza absoluta de que todos são iguais: sem uma janela que seja, com um monte de caixas espalhadas em um monte de prateleiras, que variam entre madeira sem pintura e alumínio pintado de bege ou cinza escuro, cheias de caixas e mais caixas e mais caixas de sei lá o que(o conteúdo não importa, a única coisa que importa é que o sumiço ou um dano no conteúdo ferra a vida de bestas feito ele) , dispostas nas paredes com alguma ordem que pra ele é tão misteriosa quanto o sexo dos anjos.
Algumas poucas prateleiras passam  e o levam até as malditas caixas, que vão fazê-lo suar como um porco capado no sol escaldante do deserto do Saara enquanto carrega, coloca no elevador, tira do elevador, carrega, coloca em um carrinho( onde só cabem cinco caixas), levantar o carrinho, empurrar o carrinho cagando de medo das caixas caírem (que valem mais que a sua vida medíocre de contratado temporário), se quebrarem, e  como condição sine qua non, inevitável e certa, fuderem a sua vida estúpida e desconfortável...
Depois desse exercício de medo, força e um pouco de destreza aplicada ao inútil, ele  pára, bebe água, respira como  uma mulher no parto, (o concurso que fez não avisava que ele serviria ocasionalmente de besta de carga e ele não tem força praticamente nenhuma pra isso) e se prepara pra parte burocrática da coisa, que vai lhe consumir o resto da manhã e o resto da tarde...(mas que mesmo assim, detêm uma vantagem minima: discussões sobre qualquer coisa que ele imagine, podendo participar ou só ouvir, quando não estiver participando...)
Pausa para o almoço: o mesmo restaurante de todo dia, claro! o mais barato da vizinhança, com a mesma comida todo dia, sem alteração nenhuma ao longo dos tempos...a não ser o preço, que só sobe.
Uma hora depois, ele está de volta no segundo depósito da repartição (basicamente com a mesma cara do outro, excetuando algumas diferenças minimas: uma janela de vidro no canto esquerdo, uma mesa no meio e uma balança no canto). Hora de abrir caixas, anotar números que não fazem um mínimo de sentido e passar a tarde discutindo o que parece fazer sentido.
Após uma meia duzia de caixasnumerosadesivosdemaisnumeros seguidas de mais caixasnumerosadesivosdemaisnumeros, um dos seus colegas de infortúnio solta a questão do dia:
            - Você veio ao mundo a trabalho ou a passeio?
Uma ótima questão para fazê-lo ferver os miolos (somada com as que já tinham feito ele se atrasar mais cedo), que prontamente foi respondida do canto oposto da mesa do depósito por outra pergunta:
            - Como assim?
            - A passeio ou a trabalho, ora!
“Belo esclarecimento!”, pensa ele ainda calado.
Depois de um discurso sobre o trabalho ser “a dimensão transformadora da vida, (definição quase marxista, diga-se de passagem, o que é hilário, já que o discurso anti-comuna desse cara é a favor dos donos do chicote) que faz as coisas mudarem, que transforma a vida das pessoas, que transforma o mundo, que faz as coisas surgirem”, opiniões em contrario começam a surgir do outro lado da mesa:
            - Perai!.E o que o ócio pode produzir de bom, não se enquadra em transformação não?
Do chão ele acompanha a discussão, como que de uma arquibancada do coliseu, vendo leões e cristãos a se digladiarem:
            - Então você veio a passeio, há!
Caras de “ahn?! Que porra é essa ?” surgem ,e logo em seguida delas mais uma pergunta pra indicar o rumo estranho da discussão:
            - Nos melhores momentos da sua vida,você estava trabalhando ou  fora do trabalho?
            - Fora do trabalho, ora, onde mais?
Um ar triunfante surge do lado arremessador de perguntas da mesa:
            - Não disse? Você veio a passeio!
Mais uma vez, o ar triunfante surge, seguido de uma, até então inédita, explicação:
            - Se o trabalho não é o melhor da sua vida, você veio a passeio...é bem simples, se você só se  sente satisfeito fora do trabalho, você está pela vida a passeio.
             - Então se eu não me sinto satisfeito fora das 8 horas que eu sou obrigado a vender pra conseguir viver eu vim a passeio? Pra mim isso é uma forma muito besta de ver as coisas... o trabalho é só uma dimensão da vida! SÓ UMA, ENTENDEU?
            - Pode ser só uma, mas é dimensão que muda as coisas.
            - Muda as coisas pra quem? Pra quem lucra com o produto do trabalho alheio? Pra quem perde 8 horas todo dia sabendo que o melhor do que produz vai fazer a festa de um outro qualquer? Seja o outro um patrão fiadaputa que investiu algum dinheiro e arranca o de quem trabalha pra ele pagando um mínimo qualquer, seja prum governo, igual o que paga a gente conseguir fazer o que acha e pra manter as coisas do jeito que sempre foram.
            - As coisas não são bem assim não, ô seu comunista...quem investe algum dinheiro, o suor do trabalho dele, merece o lucro como recompensa...
Antes que ele terminasse o raciocínio, uma pedra em forma de palavra é arremessada do campo adversário da mesa:
            - Suor do trabalho ou da renda/herança/exploração alheia?
            - Ah lá...já começou...daqui a pouco solta um “em Cuba” ou um “na união soviética...”.Essa conversa de dividir as coisas por igual só foi um jeito bonito de botar todo mundo na miséria debaixo de um governo totalitário qualquer.
             - E quem te disse que só existe esse jeito de dividir as coisas e que ele depende de um governo totalitário? Aliás, quem te disse que as coisas do jeito que são dão muita margem de escolha, muita opção?
            - Aiai, sempre a mesma história...vou resumir: o capitalismo, com livre iniciativa, é o pior jeito de levar as coisas, depois de todos os outros, que não deram certo em canto nenhum, é isso?

Aquela conversa era, basicamente, a mesma conversa  que sempre se dava entre os dois, nas quais ele nunca se atrevia a intervir muito... mas pelo que tinha batido na sua cabeça durante o dia, quem sabe não abria uma exceção?
           
            - Genial!- arrisca ele - ou eu aceito chicote no lombo vindo do patrão, que vai me arrancar o couro até os 70 anos, ou eu aceito levar chumbo no lombo de um governo que resolve até quantas vezes eu posso cagar no dia? Belo leque de opções, hein?
            Os dois fazem uma cara estranha, ignoram o que ele diz e  deixam que   continue carregando as caixas sozinho. Ele ignora  o resto da discussão, como devia ter feito desde o inicio.
            Depois de duas horas, rodando feito um peru bêbado, ele repara que a discussão voltou ao ponto inicial e diz:
            - Tá bom, vocês dois devem estar certo, agora vamo parar de masturbação mental e me ajudar a carregar a merda dessas caixas.


Moral da história: na pratica, a teoria é outra.



 Nota do autor: arbeit macht frei estava escrito no portão do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia e quer dizer “o trabalho liberta” em alemão. 

Para Sara Meynard

Por Douglas Cristian - kafkacity.blogpsot.com

Ela docemente versa o verso
Inocentemente contrói a rima
lindamente muda uma vida!

Cada verso ou estrofe tem um mágico poder
Poder para fazer o universo sair do lugar
Poder para sarar uma vida e a essa vivente motivar
Dar vida ao pós-vida e continuar

Por isso te peço,
nunca deixe de poetizar!

domingo, 29 de maio de 2011

Por Sara Meynard.

Escritores precisam de estado de reformulação.
É quando a mente descansa, mas a alma inquieta e o corpo cansa.
É quando em uma pausa tudo muda na natureza lírica, em velocidade de poesia. Queira o poeta ou não, a poesia é viva por si só.
Mas depois que tudo dorme na aparência, um vento sopra trazendo um novo que sacia.

( pensando em Douglas Cristian)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"Treinar Pensamentos"

Era esse o barulho que ouvia - barulho de rua. Pisações arítmicas, carros velhos no chão de paralelepípedo (cujo o som é infinitamente mais agradável que carro novo no asfalto), vento nas árvores, retalhos de conversações... É um som que me agrada, ainda mais numa dessas épocas em que o rosto se rosa e o nariz congela; a boca seca, portanto é mais mordida; as mãos que, por cuidado mais que acertado do(a) dono(a) delas, ficam constantemente dentro dos respectivos bolsos enquanto caminham (que deveriam todos ser de pelúcia por dentro). Mãos quentinhas, gostosas. São aquelas que sinto falta nessas horas. Não seja tolo, não penso em todas ou qualquer uma; penso naquelas mãos que eu gosto, de quem gosto.
Não são as mãos de que o próprio dono as gosta, até desfaz delas. Deixa lá escondidas, e acha que não percebo que não gosta que me aconchegue nelas. Pois, também não hei de gostar caso acariceie as minhas costas porém deixarei; então me deixe em paz com suas mãozinhas. Quer dizer, mãozonas. Macias, brancas. Não interessa, são suas. É isso que importa.

Imagine, é claro que pensei-o num só caminho. Tentei falar pra mim com essas palavras, mas sabe que é impossível? Havia eu ter que treinar tudo o que pensava pra poder falar. Se era pra você, não sei, mas suponho bastante que sim. E ainda mais sendo você, treinei-me muito mais...
Pois é claro, dei com os burros n'água. Perdi grande parte do que pensava naquele momento... E gente não pode recuperar arquivo.
_ Que é isso então agora escrito?
Calma, é o mesmo. A essência do que pensa é o que fica, bem ali no lugar, não sai. É só escolher como se vai; ou se fica; ou retrai.

Que acha? Assim os tirei de mim. Poderia ser de outro jeito, num outro meio, até. Mas é que as palavras escritas que me deram preferência agora.
Então, se contente com elas, e durma com elas, viva com elas...

Ass: "Lolita", entre mais aspas que estas.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Después de la noche de amor

De Douglas Cristian - Extraído de kafkacity.blogspot.com

Se durmió,
Yo te miraba.
Parecía agotada,
parecía descansar en paz.

Se durmió,
Yo te miraba.
Su rostro se iluminó el cuarto oscuro
más que el sol que siempre se rompe en mi ventana.

Se durmió,
Yo te miraba.
Quería saber sus sueños.
Me pregunto si no había.

Se durmió,
Yo te miraba.
Su cara traería la paz a mi alma necesita.

Se durmió,
Yo te miraba.
Mi deseo no aparece en sus sueños.
Porque quiero vivir en la realidad.

Se durmió,
Yo te miraba.
Yo habito en la madrugada tu

Se durmió,
Yo te miraba.
salió el sol
llenó la habitación con una luz innecesaria

¿Dónde la luz es sólo un detalle!

Bukowski - Como ser um escritor

Charles Bukowski, nasceu na Alemanha em 1920, porém viveu toda sua vida nos EUA. Deixou uma literatura incrível e um número respeitável de obras.
Ainda não o conheço, ainda estou lendo o primeiro livro de sua autoria que tive acesso até hoje, mas a cada linha me impressiono.
Me impressiono com sua palavra crua, sua preocupação estética nada acadêmica e como ele monta os seus personagens. É como se ele tivesse vivido tudo aquilo que ele escreve.
Segue um poema de sua autoria chamado Como ser um grande escritor, se delicie:


tens que foder muitas mulheres
mulheres bonitas
e escrever alguns bons poemas de amor.

e não tens que te preocupar com a idade
e/ou novos talentos.

apenas bebe mais cerveja
mais e mais cerveja

e vai às corridas pelo menos uma vez
por semana

e vence
se possível.

aprender a vencer é difícil –
qualquer imbecil pode ser um bom perdedor.

e não te esqueças de Brahams
nem de Bach nem
da cerveja.

não faças exercício a mais.

dorme até ao meio-dia.

evita cartões de crédito
ou pagar seja o que for a
tempo e horas.

lembra-te que não há nenhum cu
no mundo que valha mais de $50
(em 1977).

e se tens a capacidade de amar
ama-te primeiro
mas nunca te esqueças da possibilidade de
derrota total
mesmo que a razão para a derrota
seja justa ou injusta –

sentir cedo o bafo da morte não é
assim tão mau.

afasta-te das igrejas e bares e museus,
e como a aranha sê
paciente –
o tempo é a nossa cruz,
mais o exílio
a derrota
a traição

tudo isso.

sê fiel à cerveja.

uma amante constante.

arranja uma grande máquina-de-escrever
e enquanto ouves os passos para cima e para baixo
lá fora

martela a coisa
martela com força

transforma-a num combate de pesos-pesados

transforma-a no touro na sua primeira investida

e lembra os velhos sacanas
que tão bem lutaram:
Hemingway, Céline, Dostoievsky, Hamsun.

se pensas que eles não enlouqueceram
em pequenos quartos
tal como tu agora

sem mulheres
sem comida
sem esperança

então não estás preparado.

bebe mais cerveja.
há tempo.
e se não houver
está tudo bem
na mesma.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Saudade...

De Luysa Torquato

Presença de dor, ou ausência de algo?
Sinceramente só aqueles que realmente não sentem,
ou talvez aqueles que se aprofundam nos estudos da psiquê humana,
podem explicar...
Verdade é que para quem tem,
isso consiste em apenas um sentimento,
sim,
é exatamente o que você está pensando,
e sim, exagere;
pois ele vem lá do fundo incomodando aos poucos,
você sente falta,
sente dor,
aflição,
e as súplicas, e lamentos começam a se aflorar;
e quando você menos percebe,
uma lágrima escorre dos seus olhos;
isso meu bem se chama ser um humano,
alguém de verdade,
sem medo de se expressar... e quem sabe viver.

Saudade?
Uma palavra, vários sentimentos, dor, emoção, diversas almas, nenhuma descrição.
Aaa se isso tivesse cura!
Talvez o CARPE DIEM não valeria mais a pena....

Poema Kafkaniano postumamente escrito por Nietzsche

Por Douglas Cristian - kafkacity.blogspot.com

sinto-me invadido por insetos
sinto-me tomado por eles
sinto-me estuprado por eles
sinto-me tomado por eles.

quem são eles?
de onde vieram?
por que me escolheram?
quero sumir

para onde fugir
o mundo está infestado deles
infestado daquilo que me faz querer sumir

infestação a qual eu não posso controlar
não posso me esconder
não posso sumir
não posso querer
nem me resta morrer!

Como olhar para o céu de um deus morto?
como olhar para terra de um homem morto?
como ser tentado por um diabo que já não existe mais

Não sou um homem
sou uma bomba relógio

segunda-feira, 2 de maio de 2011

29 de dezembro de 2010. Chove.

De Olga Penna  - http://piqueniquedepalavras.blogspot.com


(À S. Calle, uma experiência com histórias reais.)
 


29 de dezembro de 2010. Chove.

Estou aqui, com minhas mãos sobre seus peitos sem saber o que fazer. Juro que sinto uma enorme vontade de prová-los, quase estendo a língua, mas não o faço porque isso estragaria tudo. Não quero sentir gosto de papel, nesse momento os gostos imaginados me satisfazem muito mais. Pensei em você esses dias, que você poderia ser má. Culpa do meu surto de desculpas que ainda me barram os dedos. Fiquei me perguntando quantas pessoas você pode ter magoado, cheguei a pensar que não tinha esse direito e que você era egoísta. Depois mudei de idéia, já que alguns nos remetem coisas em comum é melhor pensar em coisas boas. Arrumei mil justificativas para seus atos, por fim quase senti vergonha por ter pensado mal de você. Acabei acalmando em parte minha necessidade de pedir perdão, mas, apesar das semelhanças, seus motivos não justificam meus atos. Sua causa é mais nobre que a minha afinal, você é artista. Eu? Bom, eu não sou ninguém.

Recolho uma das mãos que antes lhe acariciavam, a outra permanece firme, servindo de apoio. Por mais que seja difícil parar de olhar para eles é preciso virar as páginas. Valendo-me da mão que está livre, peço licença para ir saboreá-la em palavras.

Até breve, se cuida.
 

Mar de dentro, mar de fora

       De Sara Mosli  - locafes@blogspot.com

O estranho é lidar com esse mar todo lá fora
tendo um tão grande aqui dentro
Dentro-e-fora, fora-e-dentro
essa passagem brusca muitas vezes me danifica.
Ou me deixa perdida   
Tão perdida que não me lembro sequer nomes
tudo se embranquece.
Meu físico cai,
também, 
uma vez subentendido o quanto somos totalmente submissos à nossa consciência. 
Somos incapazes de viver bem incoscientemente,
pois é ali onde está tudo o que nos faz mal.
Pois,
esse mar todo de fora me engoliu.
Não há como evitar,
então, aprendo a nadar.
E um dia hei de consiguir atravessá-lo e chegar à praia.            

terça-feira, 26 de abril de 2011

Perdida ao aquém

  De  Sara Meynard - www.fotolog.com.br/sarameynard

   Tá tudo tão nada ultimamente. Eu fico esperando palavras alheias, sem nem saber o que se passa por mim. Palavras de sei lá quem, vindas de qualquer olhar, qualquer direção.
Fico esperando um abraço instantâneo, um beijo perdido no ar. Tem tanto espaço no meu coração!
Fico aqui esperando coisas que eu não tenho certeza. Mas mesmo assim eu acabo me surpreendendo, tem gente que tem coisa para me dar.
Eu não sei como vão as coisas, então não me pergunte se está tudo bem. Qualquer resposta é feita puramente do momento.
Às vezes eu dou sorrisos perdidos, em tempo e espaço. Alguém quer pega-los? Ficaria ainda mais feliz e te daria mais sorrisos. Prometo.
Suspiros enchem meus pulmões de ar poluído por modernidade. Fico suspirando o dia todo. Talvez seja porque eu estou cansada. Ou talvez seja porque eu não sei em quem pensar, o que decidir. Talvez eu não precise mesmo me decidir, deixa estar. Ou talvez seja porque eu descobri que sou eternamente apaixonada. Não consigo viver sem amar, sinto muito. Mesmo que seja só um pouquinho, estarei amando alguém. Ou alguéns.
- Aquém ou além?
-... Quem?
- Quem ao aquém.
- E ao além?
- Não sei quem.
- Ao além?
- Sim, e nem ao aquém, na verdade.
- Nossa, sabe se tem quem pelo menos?
- Acho que tem quem.
- Ai, vá pro além. Pelo menos tem você.
- Isso, eu já sou parte do quem. Ao além e também ao aquém.
_ os outros quem você espera?
- sim, a vida é espera de quens. Quens alheios ou nossos quens. Tem gente que não acha seu quem. Eu meio que achei meu quem. Queria mais alguens para juntar no meu quem e ficar ao além.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Eu, Você e Nós.

  Por: Ricardo José Alves - Estudante de Letras da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

A chuva nunca foi tão melódica como naquelas noites, suas palavras, seus sussurros, encaixavam-se perfeitamente naqueles acordes, porque sim, eram acordes e não barulho de gotas somente. Nunca, na minha vida, fui tocado de uma forma tão intensa; nunca, na minha vida, achei que quatro dias valessem o mesmo que uma vida inteira; nunca, na minha vida, eu acharia que fosse me apaixonar dessa forma. Suas mãos nas minhas, seus olhos nos meus, seu sorriso debatendo-se com o meu, seu cheiro misturando-se com o meu; Eu, Você e Nós.
E quando eu penso no meu futuro, agora, eu tento te encaixar de qualquer jeito, de qualquer forma, pois é como se sem você não mais fizesse sentido. Poucos dias intensamente vividos, almejando que esses ‘poucos’ virassem muitos, eternos – e nós podemos fazer isso acontecer, eu sei que podemos, porque se tem ‘Eu’, tem Você, tem Nós.

Ainda sinto seu cheiro em minhas roupas, não quero que ele saia, pois seria como se você fosse embora, para sempre. Não queria ter dito adeus, e assim o fiz: eu não disse, eu não consegui. Eu sei, eu sinto, eu te verei em breve, e faremos o Eu, Você e Nós acontecer de novo, de novo e de novo, até que matemos ‘o fim’ com nossas próprias garras, com nosso próprio romance.

Nada

   Por Douglas Cristian - kafkacity.blogspot.com

Eu acordei, olhei para a rua e as pessoas andavam felizes, era dia de feriado. Feriados são a especialidade dos brasileiros, podemos ter milhares por ano sem se perguntar o porquê.
As crianças corriam atrás de uma bola, as senhoras conversavam nas janelas e alguns homens conversavam aos berros em botequim. Tudo ao som do que há de pior na música brasileira e eu me reverberava por dentro, andando de um lado para o outro do meu quarto. Tudo é tão vago, tão fútil....
Nesses devaneios sigo, sigo a não pensar. Não quero pensar. Desisto de pensar. Meu pensamento não significa nada e não muda o mundo. Não me aproxima de nada, não me leva a lugar nenhum. Caminho numa rua vazia, caminho na rua do pensamento que não significa nada.
Então prefiro não pensar, escrevo apenas essas linhas difusas, confusas, sem nexo, que jamais serão lidas por ninguém visto que meu blog não tem muita audiência.
Prefiro apenas colocar nessas linhas o que antigamente eu colocaria num caderno ou num diário.
Depois eu mudo de idéia e resolvo continuar blogando.
Existe esse verbo? Blogar?
Se não existe, determino agora o seu nascimento.

Eu blogo

Tu blogas

Ele bloga

Nós blogamos

Vós blogais

Eles blogam

E eu encerro o post antes de encher o saco de quem me lê!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Quem somos,de onde viemos, para onde queremos ir?

 Os fanzines ou zines vêm da aglutinação da última sílaba da palavra magazine (revista) com a sílaba inicial de fanatic. Provavelmente os primeiros zines foram impressos durante o movimento punk na Inglaterra. Só podia ser mesmo coisa dos ingleses. Ou seja, seria uma produção cultural, em quaisquer formatos, editado por fãs de todos os tipos.
            Na verdade, é algo bem abrangente, pois depende das condições dos editores e dos objetivos dos mesmos. Assim, engloba todos os tipos de assuntos. Mas o importante é que é uma produção independente e original, feita por gente interessada.
            Zineaspas é um zine, feito sob a marca do Cineaspas, que é uma idéia cultural ouro-pretana. Não vamos definir aqui o indefinível, mas o zineaspas seria a parte literária desse coletivo, formada basicamente por Sara Mosli http://locafes.blogspot.com, Douglas Cristian http://kafkacity.blogspot.com e Sara Meynard http://meynardbegname.blogspot.com.
            O zine ainda não tem nenhuma publicação, mas logo sairá uma edição zero, um teste, um ponto de partida para outras edições.
            Nesse blog, divulgaremos os textos que terão a possibilidade de serem publicados nas edições do zine. Aqui, poetas, contistas, amadores, cronistas, leitores, contadores de histórias, todos terão seu espaço, é só se comunicar. É um lugar de divulgação de trabalhos ainda não descobertos, de gente talentosa e que quer fazer algo diferente.

Então venha, e faça logo seu contato!

Dúvidas
1 - Como enviar o trabalho?
Basta enviar um arquivo, com o seu trabalho para zineaspas@gmail.com.

2 - E quanto a direitos autorais?
Todos os direitos serão reservados ao autor da obra em questão. Mas, a partir do momento da publicação, o ZineAspas não se responsabiliza por problemas relacionados ao uso do texto em outras mídias.

3 - Todo gênero literário é aceito?
Sim.

4 - É preciso ser profissional?
Sim. Profissionalmente amador!!!!

5 - Existe algum editor?
Sim, senão vira bagunça!

6 - Tem que ser ouro-pretano para publicar o trabalho?
Não!